Eu tenho medos, isso mesmo, medos
no plural! Tenho questões mal resolvidas, fraquezas, risadas e choros que me
habitam e me constroem desconstruindo. Querem a perfeição e a exatidão das
coisas. Mas teimo na utopia que me faz andar, pensar e sonhar com uma realidade
diferente. Menos monocromática. As vezes
o peito aperta, coração dispara, cabeça perde o rumo e assim transito entre o
suspirar de uma alegria e a “fungada” ansiosa da tristeza. Eu sou aquilo que caminha. Queria ser mais o agora, tempo presente, me presentear com a sutileza das coisas miúdas e contemplar
aquilo que passa despercebido, pendurado no ponteiro do relógio. E que minhas
palavras não sejam blábláblá... palavras mortas, mesmo antes do nascer. Que
minhas palavras se tornem carne e espírito e que respirem e encontrem no outro e
em mim a possibilidade do natural e da mudança.
Eu tenho medos, no plural, mas as alegrias são possibilidades infindas e
assim sigo...
E como dizia Heraclito, "a mesma água nunca passa duas vezes por baixo da mesma ponte"